4 estagio

Era um dia de sabado, um belo dia de sol e convidativo para tomar um banho num balneario refrescando o corpo. As 19 horas eu tinha que esta na Delegacia da Mulher para cumprir mais um dia de estagio de 12 horas. Cheguei por volta das 18:30 horas, gosto de chegar cedo, detesto atraso. Nossa turma foi formada pela maioria de Escrivaes que estudam na minha sala, so tinha um que nao era da nossa turma. Tinha mais cinco alunos delegados, completando uma equipe de dez alunos entre escrivaes e delegados. A equipe Noturna recebeu o plantao da delagacia prontamente as 19 horas, em seguida os alunos assumiram as tarefas a serem desempenhadas. Esses estagios tem sido uma grande aprendizado para nossa funcao policial, sabemos que a teoria e importante, so que a pratica tambem e muito importante, por isso, ambas devem caminhar juntas para um melhor aprendizado, nesses estagios e possivel unir as duas coisas ao mesmo tempo. A noite ja iniciou agitada, uma ocorrencia onde o marido tem probremas com a mulher desde 2005, os policiais que trabalham na delegacia da mulher, ja conhecem a vitima pelo nome, de tanto ela comparecer para denunciar o entao seu ex-marido. Ja esta separada dele a 2 anos, mesmo assim ele continua lhe importunando. Depois dessa fiz mais ou menos uns seis registro de boletim de ocorrencia, sempre tendo como vitima a mulher,e claro, e sendo aplicada a lei maria da penha. foi um tio que deu umas pauladas da sobrinha, o marido que ameacou a esposa, o outro deu um tapa na cara da mulher num bar e ainda jogou uma garrafa de cerveja nela, o outro tentou matar um vizinho seu, sempre envolvendo agressao contra a mulher, foram tantas ocorrencias que a noite passou muito rapida. Quando cheguei na delegacia havia um jovem que estava na cela da delegacia, por ora, ele batia com os pes na grade da cela e causava um grande barulho, que ecoava por toda a delegacia. Quando o jovem que tentou matar outro jovem chegou na delegacia foi colocado juntamente com esse rapaz, este jovem disse que tinha ponto e um dreno na altura da costela do lado esquerdo. foi colocado na cela, enquanto a noite se passava o barulho que era feito na cela pelos presos era enorme, tiramos a sandalia do pe dele e ainda assim ele fazia barulho batendo na grade, agora nao sei com que. Acredito que ele tava muito drogado, eu penso, nao sei se e verdade. Estava chegando a hora do quarto de hora na delegacia, nesse momento algumas pessoas vao dormir, enquanto outras tiram seu horario de noturno na delegacia e em seguida vao acordar quem esta dormindo para tirar seu plantao noturno. Vivi uma cena nesse dia que vai ficar registrado para sempre em minha memoria. Uma cena que nao tinha nocao que poderia acontecer, mais aconteceu. Um policial me chamou para acompanha-lo ate a cela e averiguar a situacao do preso que gritava e batia ao mesmo tempo na grade. Chegando la, contatei um dos presos deitado no chao proximo as grades da cela com os bracos para fora, era o dito rapaz que disse estar com dreno e com pontos. Quando chegamos ele disse que estava com dor e que por isso estava griando chamando a gente. Nesse momento eu liguei o celular para averiguar a veracidade, se havia sangramento e se havia pontos mesmo. Ao ligar o celular, contatei que tinha ponto e um buraco como um dreno, mas nao tinha sangramento. Pensei ate que seria uma armadilha para eles quererem fugir, disse ao colega para ter cuidado. Ele entao abriu a cela, pediu para que eu segurasse a chave da cela e em seguida puxou violentamente para fora o preso que estava no chao, chutando-o, torcendo seu braco, era um chute atras do outro, murro e mais murro e o cidadao gritando de dor, pedindo pelo amor de Deus para nao bater nele, o policial dizia, voce ainda vai bater na grade, vai fazer zuada, faca isso e eu volto. Foi tao rapido que quando eu vi eu tava no caminho, pois o policia estava trocando o preso de cela, sai do meio de pressa, fiquei sem reacao, sem saber o que fazer, nao sabia se empedia ou sai dali correndo para nao presenciar aquele acontecimento, aquele crime, hediondo. Fiquei estatua por alguns segundos, perplexo, depois disso fui dormir pensando no ocorrido, e ate hoje as cenas ainda passam pela minha cabeca, tenho uma memoria fotografica e por isso eu nao consigo esquecer facilmente as coisas. Alguns estudiosos da memoria dizem tambem que nos temos facilidade para armazenar coisas ruins ou acontecimentos ruin, desastrosos, em nossa mente. Pode ser isso, nao sei. So sei de uma coisa, nenhum cidadao ou marginal, ou bandido, ou preso, reeducando, como queiram chemar, e digno de merecer tal tratamento que foi dado aquele rapaz, que embora tivesse cometido um crime, tentativa de homicidio, nao tinha o direito de ser tratado da forma que foi tratado, ate porque a policia nao tem o direito de julga-lo e condena-lo, embora isso sempre ocorra atraves da impresa e da socidade, a Justica que se manifeste e aplique a pena necessaria para que o infrator da lei pague pelo que fez.